terça-feira, 1 de setembro de 2009

História da Didática no Brasil

Entre 1549 e 1759, a sociedade era de economia agrário-exportadora e dependente, explorada pela Metrópole e a educação não tinha valor social importante. Nesse período colonial os jesuítas eram os principais educadores e sua função educativa era voltada para a catequese e instrução dos índios.
"A ação sobre os índios se resume na cristianização e na pacificação, tornando-os dóceis para o trabalho". (Maria Lúcia Aranha, 1996).
Segundo Aranha, existiam duas formas de educação: a dos catequizados e a dos instruídos. Na primeira, a Didática se resumia a compreensão do português; pra os filhos dos colonos, os jesuítas criaram três curso: letras humanas, filosofia e teologia. As aulas eram ministradas, de forma expositiva e repetitiva, visando á assimilação e estimulando a competição.
A ação pedagógica jesuíta previlegiava o exercício da memória e o desenvolvimento do raciocínio.
Em 1890, é aprovada a reforma de Benjamim Constant sob a influência do positivismo. O ensino religioso nas escolas públicas é extinto e o Estado assume a laicidade e a escola passa a difundir uma visão burguesa com a intenção de garantir a consolidação da burguesia industrial como classe dominante. Nesse período a Didática visa garantir aos futuros educadores orientações necessárias ao trabalho docente.
A partir de 1930 Surgimento da Didática nos cursos de formação de professores. O âmbito educacional passa por profundas mudanças. A primeira delas é a constituída por Vargas na criação do Ministério de Educação e Saúde Pública organizando o ensino comercial, adotando o regime universitário e implantando a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, que surge como o primeiro instituto de ensino superior que funcionava de acordo com o modelo Francisco Campos. Essa modificação, dá origem a Didática como disciplina dos cursos de formação de professores a nível superior, Segundo o art. 20 do Decreto-Lei nº 1190/39, a Didática passa a ser reconhecida como curso e disciplina, com duração de um ano, acentuando seu caráter prático-teórico do processo ensino-aprendizagem.
1945 a 1960 Momento de aceleração e diversificação do processo de substituição de importações e a penetração do capital estrangeiro na economia brasileira. Nesse contexto, o Decreto-Lei nº 9053 desobrigava o curso de Didática sob a vigilância de Lei Directrizes e Bases, Lei 4024/61, o esquema de três mais um foi extinto pelo Parecer nº 242/62, do Conselho Federal de Educação. A Didática perdeu seus qualificativos geral e especial e introduziu-se a Prática de Ensino sob forma de estágio supervisionado. Nesse mesmo período, é celebrado um convênio entre o MEC/Governo de Minas Gerais - Missão de Operações dos Estados Unidos criou-se o PABAEE (Programa Americano Brasileiro de Auxilio ao Ensino Elementar), voltado para o aprimoramento dos professores do Curso Normal. A Didática passa a desconsiderar o contexto político-social no processo de ensino, acentuando um enfoque renovador tecnicista.
Período Pós 1964 Os descaminhos da Didática. Instalou-se no país um movimento que alteraria a ideologia política, modificando através de um projeto desenvolvimentista que objetivava acelerar o crescimento socioeconômico do país, mudando a forma de governo e consequentemente a educação, que passa a contribuir com tal projeto na preparação adequada de recursos humanos (mão-de-obra) necessários para o crescimento econômico e tecnológico da sociedade.
Esse movimento é tratado como marco histórico, pois a Pedagogia Nova entra em crise e suas articulações passam a ser assumidas pelo grupo militar e tecnocrata. A partir daí, essa pedagogia embasa-se na neutralidade científica inspirando-se nos princípios da racionalidade, eficiência e Didática produtividade, O acordo feito com o MEC/USAID marcou o sistema educacional, sustentando as reformas do ensino superior e do ensino médio. Além disso, foi implantada a disciplina "Currículos e Programas", pelo Parecer252/69 e Resolução n] 2/69, do Conselho Federal de Educação, nos cursos de Pedagogia, provocando a superposição de conteúdos da nova disciplina com a Didática.
A Pedagogia Tecnicista enfoca o papel da Didática no desenvolvimento de uma alternativa não psicológica, trazendo uma perspectiva ingênua de neutralidade científica, tendo como preocupação básica a eficácia e a eficiência do processo de ensino.
1980 - Os professores se empenham para reconquistar os direitos e deveres de participarem na definição da política educacional. Ao mesmo tempo, fora realizado a I Conferência Brasileira de Educação, marco importante na história da educação brasileira, pois constituiu um espaço para se discutir e dissiminar a concepção crítica da educação.
A década de 1990 - A Didática e a Prática de Ensino se fortalecem, passando a ser tema de grande interesse de pesquisas que voltam-se para o interior da escola com o objetivo de compreender melhor o seu cotidiano e o fazer pedagógico, em especial no ensino fundamental. Contudo, ainda existe uma inter-relação entre o prescrito e a prática dos professores, caracterizada pela ausência de planejamento, inclusive escolar - projeto pedagógico -, e pela dicotomia entre a Didática pensada, refletida e a Didática do professor.

Um comentário:

  1. Concordo com a inter-relação entre o prescrito e a prática dos professores, caracterizada pela ausência de planejamento.
    um abraço
    Prof.Solange

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